I Chamada de Artigos para Seção Temática

24-12-2022

I Chamada de Artigos

Seção Temática: Narrativas docentes: gênero transgressor e (auto)formativo

 

Responsáveis

Adair Mendes Nacarato (Universidade São Francisco - USF / Brasil)

Daniel Suàrez (Universidad de Buenos Aires - UBA / Argentina)

Luciana Haddad Ferreira (Universidade São Francisco - USF / Brasil)

 

A narrativa floresceu num meio de artesão, (...) é ela própria uma forma artesanal de comunicação. Ela não está interessada em transmitir o ‘puro em si’ da coisa narrada como uma informação ou um relatório. Ela mergulha a coisa na vida do narrador para em seguida retirá-la dele. Assim se imprime na narrativa a marca do narrador, como a mão do oleiro na argila do vaso (BENJAMIN, 2006 p.182).

 A escrita narrativa de professoras e professores tem ocupado, com grande frequência, espaço nos debates e estudos da comunidade acadêmica do campo educacional. Entre diferentes discussões metodológicas e epistemológicas acerca de seus usos, limites e potencialidades, uma constância: o gênero narrativo parece ter ocupado um importante e definitivo espaço de diálogo e intercâmbio entre a comunidade acadêmica e da Educação Básica. Narram professores e professoras, em diferentes contextos e momentos, dando visibilidade a fragmentos cotidianos, nem sempre vistos e percebidos por outras frestas, que não a da narrativa de quem vive. 

Compreendemos a narrativa docente como potencialmente transgressora e formativa: diante de uma realidade que por vezes leva professores e professoras a desacreditar de suas próprias formas de conhecer, ao destituí-los do lugar de autoria do conhecimento, narrar articula o fazer cotidiano com o saber próprio do ofício, historicamente produzido pela humanidade, e organizado de maneira particular no momento narrado. Assumindo ainda que narrar é sair de si, deixar de lado o discurso monológico para orientar sua fala ao coletivo, àquilo que pode servir de reflexão e encontrar sentido no / para o outro, entendemos este movimento de escrita docente também como (trans)formador para quem narra e para aquele que lê e partilha dos significados expressos nas escritas docentes.

Mais do que uma forma de fazer circular testemunhos de escola, narrar é também um rito de encontro e de partilha. Por meio da relação com o outro se desenvolvem práticas enunciativas e de escuta sensível, pelas quais é possível dar-se conta dos próprios processos formativos e das escolhas feitas ao longo do trajeto de aprendizado.

Em consonância com tais ideias, esta seção temática tem como objetivo reunir pesquisas que tenham como foco narrativas docentes formadoras e transgressoras, como modos de produção de conhecimento sobre as práticas escolares e a formação docente. Serão aceitos trabalhos resultantes de pesquisas empíricas que abordam múltiplos modos de narrar as práticas docentes e que reafirmam a potência do trabalho acadêmico que considera os saberes locais e que tomam a prática investigativa como oportunidade de formação docente.

 

Normas

Serão aceitos para avaliação, na seção temática em questão, apenas textos inéditos e em formato de artigo.

Ao submeter o trabalho, é necessário escolher a opção Seção Temática: Narrativas docentes: gênero transgressor e (auto)formativo.

Assim como previsto nas normas da revista, são aceitos trabalhos escritos nos seguintes idiomas: português, espanhol e inglês.

Os autores que submeterem seus textos e tenham a titulação de doutorado, poderão ser solicitados a assumir o papel de avaliadores de artigos no periódico.

 

Outras informações

- Anúncios: https://revistahorizontes.usf.edu.br/horizontes/announcement

- As normas aos autores seguem as já descritas no site da Horizontes e podem ser consultadas na seção Submissões: https://revistahorizontes.usf.edu.br/horizontes/about/submissions

- No caso de dúvidas, escreva para o e-mail: periodico.horizontes@usf.edu.br

 

Prazos:

- Submissões aceitas até 15/03/2023

- Previsão de publicação: julho de 2023

 

Sobre as editoras e editor convidado:

Adair Mendes Nacarato é graduada em Matemática pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (1975), mestre em Educação pela Universidade Estadual de Campinas (1994) e doutora em Educação pela Universidade Estadual de Campinas (2000). Realizou estágio de pós-doutoramento na UFRN, no campo dos estudos biográficos. Atualmente é docente da Universidade São Francisco, junto ao Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Educação (linha de pesquisa Formação de professores, trabalho docente e práticas educativas) e ao curso de Pedagogia. Tem experiência na área de Educação, atuando principalmente nos seguintes temas: educação matemática, formação de professores, prática pedagógica e narrativas (auto)biográficas. É líder dos grupos de pesquisa: Grupo Colaborativo em Matemática (Grucomat) e Histórias de Professores que Ensinam Matemática (HIFOPEM). É pesquisadora produtividade/CNPq, nível 2.

Daniel Hugo Suàrez é Professor Titular Regular no Departamento de Ciencias de la Educación e no Instituto de Investigaciones en Ciencias de la Educación da Facultad de Filosofía y Letras da Universidade de Buenos Aires. Atualmente também ocupa o cargo de vice-diretor desse mesmo Instituto. Também atua como colaborador em cursos e seminários em programas de pós-graduação stricto sensu em otras universidades nacionais argentinas e de países da América Latina (Chile, Brasil, Colombia, México, Costa Rica) e Europa (Espanha, França). Orienta estudos nos seguintes campos: a experiencia educativa na escola e os limites do sistema educativo; a articulação de discursos, sujeitos e práticas na composição do campo pedagógico; a construção social do processo educativo; a construção narrativa do discurso e o saber pedagógico entre docentes; as narrativas pedagógicas e as experiências de formação; os coletivos de mestres e professores, os movimentos docentes e as redes pedagógicas.

Luciana Haddad Ferreira é pesquisadora e docente permanente do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade São Francisco. Realizou estágio Pós-Doutoral no Instituto de Psicologia da Universidade Federal de Uberlândia (linha de pesquisa Psicologia e Arte), é Doutora em Educação pela Unicamp (linha de pesquisa Psicologia Educacional), possui especialização em Arteterapia e em Educação, com complementação internacional. Graduada em Pedagogia também pela Unicamp, tem pesquisas relacionadas a aproximações entre Psicologia, Arte e Experiência no contexto da Formação de Professores. Pesquisadora na área de Formação Docente, com ênfase em Pesquisa Narrativa, ênfase em teoria Histórico-Cultural.