A abordagem clínica e o conceito de atividade
DOI:
https://doi.org/10.24933/horizontes.v39i1.1265Resumo
As clínicas do trabalho constituem um conjunto de correntes teóricas e metodológicas que possuem afinidades e diferenças, mas que dialogam entre si. Neste ensaio teórico apresentamos uma descrição ampla da abordagem clínica em ciências humanas a partir da psicanálise e das clínicas do trabalho e explicitamos suas diferenças em relação à pesquisa positivista. Em seguida investigamos como o conceito de atividade se relaciona com a perspectiva clínica ao enfatizar o desconhecimento inerente ao fazer humano. Concluímos que existe uma homologia de características entre a metodologia clínica e o objeto atividade, na medida em que partilham interesse pela singularidade, prioridade da ação, imprevisibilidade, conhecimento a posteriori e estudo de caso.
Downloads
Referências
ADORNO, T. W. O ensaio como forma. In: ADORNO, T. W. Notas de Literatura I. São Paulo: Duas Cidades; Ed. 34, 2003. p.15-45.
BARBIER, J.-M.; DURAND, M. L’activité: un objet intégrateur pour les sciences sociales? Recherche & Formation, n.42, p.99-117, 2003.
BÉGUIN, P. Acerca de la evolución del concepto de actividad. Laboreal, v.2, n.1, p.55-61, 2006.
BENDASSOLLI, P.F.; SOBOLL, L. A. P.(orgs.). Clínicas do trabalho. São Paulo: Atlas, 2011.
BENDASSOLLI, P.F.; SOBOLL, L. A. P.(orgs.). Métodos de pesquisa e intervenção em psicologia do trabalho. São Paulo: Atlas, 2014.
BENSE, M. O ensaio e sua prosa. Serrote, n.16, 2014. Disponível em: <https://www.revistaserrote.com.br/2014/04/o-ensaio-e-sua-prosa/>. Acesso em: 12 ago. 2020.
BILLIARD, I. Le travail: un concept inachevé. Éducation Permanente, n.116, p.19-32, 1993.
BOELL, S. K.; CECEZ-KECMANOVIC, D. A hermeneutic approach for conducting literature reviews and literature searches. Communications of the Association for Information Systems, v.34, n.1, p.257-286, 2014.
BOELL, S. K.; CECEZ-KECMANOVIC, D. On being ‘systematic’ in literature reviews. In: WILLCOCKS, L. P.; SAUER, C.; LACITY, M. C. (orgs.). Formulating Research Methods for Information Systems - volume 2. New York: Palgrave Macmillan, 2015. p.48-78.
BONNEFOND, J.-Y. et al. To institute conflictive cooperation on the quality of work. Educação, Porto Alegre, v.39, n. esp., p.42-53, 2016.
BORZEIX, A. Ce que l’activité nous «fait». In: DUJARIER, M.-A. et al. (orgs.). L’activité en théories: regards croisés sur le travail. Toulouse: Octarès, 2016. p.35-50.
BRONCKART, J.-P. et al. (org.). Agir et discours en situation de travail. Genève: Université de Genève, 2004.
CANGUILHEM, G. Réflexions sur la création artistique selon Alain. In: CANGUILHEM, G. Ouvres Complètes, tome IV: résistance, philosophie biologique et histoire des sciences 1940-1965. Paris: J. Vrin, 2015. p.415-435.
CHAMPY-REMOUSSENARD, P. Les théories de l’activité entre travail et formation. Savoirs: Revue Internationale de Recherches en Éducation et Formation des Adultes, v.2, n.8, p.9-50, 2005.
CLOT, Y.; LEPLAT, J. La méthode clinique en ergonomie et en psychologie du travail. Le Travail Humain, v.68, n.4, p.289-316, 2005.
COMTE, A. Curso de filosofia positiva; discurso sobre o espírito positivo; discurso preliminar sobre o conjunto do positivismo; catecismo positivista. Trad. José A. Giannotti; Miguel Lemos. São Paulo: Abril, 1983.
CUVILLIER, B. et al. Les mots du travail : analyse des thématiques de recherche publiées dans le travail humain de 1933 à 2016. Le Travail Humain, v.81, n.1, p.1-33, 2018.
D’ALLONNES, C. R. et al. Os procedimentos clínicos nas ciências humanas. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2004.
DEJOURS, C. Epistemologia concreta e ergonomia. In: DANIELLOU, F. (org.). A ergonomia em busca de seus princípios: debates epistemológicos. São Paulo: Edgard Blücher, 2004. p.199-216.
DUARTE, F. S.; MENDES, A. M. Da escravidão à servidão: perspectivas para a clínica psicodinâmica do trabalho no Brasil. Farol - Revista de Estudos Organizacionais e Sociedade, v.2, n.3, p.68–128, 2015.
FERREIRA, M. C. Atividade, categoria central na conceituação de trabalho em ergonomia. Revista Alethéia, v.1, n.11, p.71-82, 2000.
FONSECA, J. C. F.; OLIVEIRA, I. A. E. Clínica da atividade no contexto brasileiro: sobre ciências, territórios e compreensões. In: PUJOL, A.; DALLA’ASTA, C. (orgs.). Trabajo, actividad y subjetividade: debates abiertos. Córdoba: Universidad Nacional de Córdoba, 2013. p.33-52.
FONTES, F. F.; FALCÃO, J. T. R. A psicologia teórica e filosófica como uma área de pesquisa acadêmica. Psicologia em Pesquisa, v.9, n.1, p.72-79, 2015.
FURLAN, R. Reflexões sobre o método nas ciências humanas: quantitativo ou qualitativo, teorias e ideologias. Psicologia USP, v.28, n.1, p.83-92, 2017.
GIAMI, A. Pesquisa em psicologia clínica ou pesquisa clínica. In: D’ALLONNES, C. R. (org.). Os procedimentos clínicos nas ciências humanas: documentos, métodos, problemas. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2004. p.35-52.
GRANT, M. J.; BOOTH, A. A typology of reviews: an analysis of 14 review types and associated methodologies. Health Information and Libraries Journal, v.26, n.2, p.91-108, 2009.
GREENHALGH, T.; THORNE, S.; MALTERUD, K. Time to challenge the spurious hierarchy of systematic over narrative reviews? European Journal of Clinical Investigation, v.48, n.6, p.1-6, 2018.
GUÉRIN, F. et al. Compreender o trabalho para transformá-lo: a prática da ergonomia. São Paulo: Edgard Blücher, 2004.
HAMMERSLEY, M. On “systematic” reviews of research literatures: a “narrative” response to Evans & Benefield. British Educational Research Journal, v.27, n.5, p.543-554, 2001.
HJØRLAND, B. Evidence-based practice: an analysis based on the philosophy of science. Journal of the American Society for Information Science and Technology, v.62, n.7, p.1301-1310, 2011.
KOCH, S. The nature and limits of psychological knowledge: lessons of a century qua “science”. American Psychologist, v.36, n.3, p.257-269, 1981.
LÉVY, A. Ciências clínicas e organizações sociais - sentido e crise do sentido. Belo Horizonte: Autêntica, 2001.
LHUILIER, D. Cliniques du travail. Nouvelle Revue de Psychosociologie, v.1, n.1, p.179-193, 2006.
LHUILIER, D. Introduction à la psychosociologie du travail. Nouvelle Revue de Psychosociologie, v.1, n.15, p.11-30, 2013.
LHUILIER, D. Prefácio. In: BENDASSOLLI, P. F.; SOBOLL, L. A. P. (orgs.). Métodos de pesquisa e intervenção em psicologia do trabalho. São Paulo: Atlas, 2014. p.7-11.
LUKACS, G. Sobre a essência e a forma do ensaio: uma carta a Leo Popper. Revista UFG, v.9, n.4, p.1-13, 2008.
MACLURE, M. “Clarity bordering on stupidity”: where’s the quality in systematic review? Journal of Education Policy, v.20, n.4, p.393-416, 2005.
MENEGHETTI, F. K. O que é um ensaio-teórico? Revista de Administração Contemporânea, v.15, n.2, p.320-332, 2011.
MERLO, Á. R. C.; MENDES, A. M. B. Perspectivas do uso da psicodinâmica do trabalho no Brasil: teoria, pesquisa e ação. Cadernos de Psicologia Social do Trabalho, v.12, n.2, p.141-156, 2009.
MOUCHET, A. Comprendre l’activité en situation: articuler l’action et la verbalisation de l’action. Savoirs: Revue Internationale de Recherches en Éducation et Formation des Adultes, v.1, n.40, p.9-70, 2016.
PARÉ, G. et al. Synthesizing information systems knowledge: a typology of literature reviews. Information and Management, v.52, n.2, p.183-199, 2015.
PERES, R. S.; SANTOS, M. A. Considerações gerais e orientações práticas acerca do emprego de estudos de caso na pesquisa científica em psicologia. Interações, v.10, n.20, p.109-126, 2005.
SCHRYEN, G.; WAGNER, G.; BENLIAN, A. Theory of knowledge for literature reviews: an epistemological model, taxonomy and empirical analysis of IS literature. 2015, [S.l: s.n.], 2015. p.1-22.
SCHWARTZ, Y. Un bref aperçu de l’histoire culturelle du concept d’activité. Activités, v.4, n.2, p.122-133, 2007.
SCHWARTZ, Y. Une histoire philosophique du concept d’activité: quelques repères, première partie. Ergologia, n.6, p.115-179, 2012.
SÉVIGNY, R. Abordagem clínica nas ciências humanas. In: ARAÚJO, J. N. G.; CARRETEIRO, T. C. (orgs.). Cenários sociais e abordagem clínica. São Paulo: Escuta, 2001. p.15-33.
SILVA, J. T. A.; MUNIZ, H. P. Atividade de trabalho humana: características e desafios para a sua compreensão. Mnemosine, v.13, n.1, p.40-58, 2017.
SIMONET, P.; CAROLY, S.; CLOT, Y. Méthodes d’observation de l’activité de travail et prévention durable des TMS: action et discussion interdisciplinaire entre clinique de l’activité et ergonomie. Activités, v.8, n.1, p.104-128, 2011.
STAROBINSKI, J. Ação e reação: vida e aventuras de um casal. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002.
STAROBINSKI, J. É possível definir o ensaio? Remate de Males, v.31, n.1-2, p.13-24, 2011.
STETSENKO, A. From relational ontology to transformative activist stance on development and learning: expanding Vygotsky’s (CHAT) project. Cultural Studies of Science Education, v.3, n.2, p.471-491, 2008.
TOLMAN, C. W. The origins of activity as a category in the philosophies of Kant, Fichte, Hegel and Marx. In: TOLMAN, C. W. The theory and practice of cultural-historical psychology. Aarhus: Aarhus University Press, 2001. p.84-92.
WISNER, A. Questões epistemológicas em ergonomia e em análise do trabalho. In: DANIELLOU, F. (org.). A ergonomia em busca de seus princípios: debates epistemológicos. São Paulo: Edgard Blucher, 2004. p.29-55.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
a) Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
b) Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
c) Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal, desde que através do link da Horizontes) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).
d) O trabalho para submissão deve ser acompanhado por uma carta escaneada assinada por todos os autores, informando que o trabalho não foi enviado para nenhum outro periódico e que acatam as normas contidas nas Diretrizes da Horizontes.