Estudantes autônomos e seduzidos pelas tramas curriculares do (novo) Ensino Médio
DOI:
https://doi.org/10.24933/horizontes.v41i1.1629Resumo
O artigo tem o propósito de analisar efeitos que a flexibilização curricular, proposta pela Reforma do Ensino Médio, produziu nos modos de ser estudante em uma escola da região central do País. As bases teóricas encontram-se nos estudos de Michel Foucault. A parte empírica foi realizada no período de 2019 a 2021 e envolveu a geração de questionários e diálogos online desenvolvidos com alunos do Ensino Médio. A análise mostrou que a flexibilização curricular, mobilizada pela estetização dos espaços e pela variação nas metodologias escolares, gerou discentes autônomos e seduzidos pelas práticas que desejam realizar. Isso pode acarretar esmaecimento do ensino e uma conformação dos sujeitos às regras neoliberais, como a individualização e a responsabilidade pelo seu próprio desempenho.
Downloads
Referências
AVELINO, N. Foucault e a racionalidade (neo)liberal. Revista Brasileira de Ciência Política, Brasília, n. 21, p. 227-284, set./dez. 2016.
BRASIL. Ministério da Educação. Resolução nº 3, de 21 de novembro de 2018. Atualiza as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio. Diário Oficial da União: seção 1, Brasília, DF, p. 21-24, 22 nov. 2018a. Disponível em: https://normativasconselhos.mec.gov.br/normativa/view/CNE_RES_CNECEBN32018.pdf Acesso em: 20 abr. 2020.
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2018b. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br Acesso em: 3 jun. 2021.
CABANAS, E.; ILLOUZ, E. Happycracia – Fabricando cidadãos felizes. São Paulo: Ubu, 2022.
CARDOSO, P. E. P. Crítica à contrarreforma do Ensino Médio (Lei 13.415). 2019. 135 f. Dissertação (Mestrado em Educação Brasileira) ‒ Programa de Pós-Graduação em Educação Brasileira, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2019.
COSTA, S. S. G. Governamentalidade neoliberal, Teoria do Capital Humano e Empreendedorismo. Educação & Realidade, Porto Alegre, v. 34, n. 2, p. 171-186, maio/ago. 2009.
DARDOT, P.; LAVAL, C. A nova razão do mundo. São Paulo: Boitempo, 2016.
DARDOT, P.; LAVAL, C. A escola não é uma empresa. São Paulo: Boitempo, 2019.
DUSSEL. I. A invenção da sala de aula: uma genealogia das formas de ensinar. São Paulo: Moderna, 2003.
FOUCAULT, M. Segurança, território e população. São Paulo: Martins Fontes, 2008a.
FOUCAULT, M. Nascimento da biopolítica. São Paulo: Martins Fontes, 2008b.
FOUCAULT, M. Arqueologia do saber. Rio de janeiro: Forense Universitária, 2009.
GORZ, A. O imaterial: conhecimento valor e capital. São Paulo: Annablume, 2005.
HAN, B. Psicopolítica: O neoliberalismo e as novas técnicas de poder. Belo Horizonte: Âyiné, 2020.
HARDT, M.; NEGRI, A. Bem-estar comum. Tradução de Clóvis Marques. Rio de Janeiro: Record, 2016.
HILÁRIO, W. F. de A. O Enunciado “educação para a vida e para o trabalho” inscrito nas reformas do ensino médio como tecnologia da governamentalidade neoliberal (1996-2017). 2019. 120 f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade Federal da Grande Dourados, Dourados, 2019.
LIPOVETSKY, G. Da leveza: rumo a uma civilização sem peso. Barueri: Manole, 2016.
LIPOVETSKY, G. Sociedade da sedução: democracia e narcisismo na hipermodernidade liberal. Barueri: Manole, 2020.
LOCKMANN, K. A proliferação das políticas de assistência social na educação escolarizada: estratégias da governamentalidade neoliberal. 2013. 318 f. Tese (Doutorado em Educação) – Programa de Pós-Graduação em Educação da Faculdade de Educação, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2013.
MEYER, D. E.; PARAÍSO, M. A. Metodologias de pesquisas pós-críticas em educação. 2. ed. Belo Horizonte: Mazza, 2014.
PARAÍSO, M. A. Metodologias de pesquisas pós-críticas em educação e currículo: trajetórias, pressupostos, procedimentos e estratégias analíticas. In: MEYER, D. E.; PARAÍSO, M. A. Metodologias de pesquisas pós-críticas em educação. 2. ed. Belo Horizonte: Mazza, 2014. p. 25-48.
POPKEWITZ, T. S. La prática como teoría del cambio: Investigación sobre professores y su formación. Profesorado, Granada, v. 19, n. 3, p. 428-453, set./dez. 2015.
SANTHIAGO, R.; MAGALHÃES, V. B. Rompendo o isolamento: reflexões sobre história oral e entrevistas à distância. Anos 90, Porto Alegre, v. 27, p. 1-18, 2020.
SANTOS, D. B. da S.; SILVA, R. R. D. A constituição da flexibilidade como estratégia política no Ensino Médio brasileiro. Revista Teias, Rio de Janeiro, v. 23, n. 65, p. 207-219, jan./mar. 2022.
SIBILIA, P. Redes ou paredes: a escola em tempos de dispersão. Rio de Janeiro: Contraponto, 2012.
SILVA, R. R. D. Estetização Pedagógica, Aprendizagens Ativas e Práticas Curriculares no Brasil. Educação & Realidade, Porto Alegre, v. 43, n. 2, p. 551-568, 2018.
SILVA, R. R. D. Customização Curricular no Ensino Médio: elementos para uma crítica pedagógica. São Paulo: Cortez, 2019a.
SILVA, R. R. D. Trabalho, Educação e Juventudes: diálogo com o pensamento social de Christian Laval e Pierre Dardot. Trabalho, Educação e Saúde, Rio de Janeiro, v. 17, n. 3, p. 1-18, 2019b.
SILVEIRA, E. L. D.; SILVA, R. R. D. A flexibilização como um imperativo político nas políticas curriculares para o Ensino Médio no Brasil: uma leitura crítica. Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 13, n. 4, p. 1759-1778, out./dez. 2018.
VEIGA-NETO, A. Coisas do governo... In: RAGO, M.; ORLANDI, L. B. L.; VEIGA-NETO, A. (org.). Imagens de Foucault e Deleuze: ressonâncias nietzschianas. Rio de Janeiro: DP&A, 2002. p. 13-34.
VEIGA-NETO, A. Teoria e Método em Michel Foucault: (im)possibilidades. Cadernos de Educação, FAE/PPGE/UFPel, Pelotas, v. 34, p. 83-94, set./dez 2009.
VEIGA-NETO, A. Foucault & Educação. Belo Horizonte: Autêntica, 2014.
VEIGA-NETO, A.; LOPES, M. C. Inclusão e Governamentalidade. Educação & Sociedade, Campinas, v. 28, n. 100, p. 947-963, 2007.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2023 Camila Silva Fabris, Fernanda Wanderer
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
a) Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
b) Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
c) Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal, desde que através do link da Horizontes) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).
d) O trabalho para submissão deve ser acompanhado por uma carta escaneada assinada por todos os autores, informando que o trabalho não foi enviado para nenhum outro periódico e que acatam as normas contidas nas Diretrizes da Horizontes.