Ciências Humanas e Sociais no Novo Ensino Médio na rota do ultraliberalismo e do neoconservadorismo
a particularidade do Rio de Janeiro
DOI:
https://doi.org/10.24933/horizontes.v42i1.1838Palavras-chave:
Novo Ensino Médio, Rio de Janeiro, Pedagogia Histórico-Crítica, Reestruturação produtiva, Reformas empresariais da educaçãoResumo
O artigo visa discutir as implicações para a formação dos jovens quanto à redução da carga horária das Ciências Humanas e Sociais no Novo Ensino Médio implementado pela Secretaria de Estado de Educação do Rio de Janeiro. Analisa a matriz curricular e o Catálogo de Itinerários Formativos vigentes na rede estadual desde 2022, à luz do método materialismo histórico-dialético e da Pedagogia histórico-crítica. Ao privilegiar a Pedagogia das Competências, criar novos componentes curriculares, como Empreendedorismo e Projeto de Vida, e reduzir o espaço das Ciências Humanas e Sociais, o Novo Ensino Médio atende a agenda neoliberal, com a formação do trabalhador requerido no regime de acumulação flexível, e a agenda neoconservadora, com o ataque à educação crítica e ao pensamento científico.
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