Trabalho Docente na Educação a Distância: reflexões que o professor conferencista faz sobre o seu processo de trabalho
DOI:
https://doi.org/10.24933/horizontes.v33i1.84Palavras-chave:
Trabalho docente, tecnologias de informação e comunicação,Resumo
Esse artigo apresenta os principais resultados sobre o processo de trabalho do professor conferencista, obtidos a partir da tese de doutorado “Concepções e tendências do trabalho docente na educação a distância”, desenvolvida por meio de um estudo de caso realizado em um Instituto Federal do país, entre os anos de 2011 a 2013, e que teve como objetivo investigar como se desenvolve o trabalho dos docentes mediado pelas tecnologias de informação e comunicação (TIC) no Curso Superior de Tecnologia em Gestão Pública. A pesquisa foi desenvolvida com base em informativos e documentos impressos e digitais cedidos pelo instituto, além da realização de entrevistas com a coordenação do curso. A partir da pesquisa empírica, foi possível demonstrar as elaborações conceituais e as contradições presentes no desenvolver do trabalho docente no curso e a percepção que apresentam desse trabalho, mediado pelas TIC.
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Referências
Qualificar os profissionais que atuam em todos os níveis da Administração Pública, oferecendo elementos que irão contribuir para a formação de gestores públicos. Permitir a compreensão da complexidade e diversidade que compõem os aspectos centrais da gestão pública. Indicar ferramentas que possam intervir concretamente para a melhoria da performance do gestor público, auxiliando na busca de alternativas e soluções. Conceder a oportunidade de ampliação de conhecimentos, permitindo maior eficácia e eficiência no exercício das atividades (PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO DO CURSO, 2008, p. 10).
Neste projeto as atribuições do professor conferencistas, do tutor a distância e presencial são bem distintas, no entanto interligadas. Cada uma delas tem um papel imprescindível e para exercer suas responsabilidades dentro de todo o processo deve possuir um perfil profissional com as habilidades e competências inerentes à função (PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO DO CURSO, 2011, p. 45)
Os professores conferencistas são os responsáveis pela apresentação do conteúdo durante as teleaulas, bem como pelo material de aulas e elaboração das provas e atividades supervisionadas, sendo estas duas últimas também integrantes da ferramenta de avaliação de desempenho dos alunos (PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO DO CURSO, 2011, p. 43)
(...) em um desafio pedagógico, técnico e administrativo para as instituições envolvidas e é preciso que se invista na melhoria da qualidade do processo de ensino/aprendizagem. Sendo assim, é importante que se conheça melhor os modos de se produzir os cursos a distância por videoconferência para permitir que não apenas os grandes centros, mas as instituições de todo país possam usufruir desse conhecimento, associar-se e repartir esforços no sentido de expandir a formação universitária brasileira (CRUZ, 2001, p. 20)
(...) virtualizada, ao permitir que a aprendizagem ocorra numa interação de co-presença mediada entre professores e alunos. Virtualizada porque a aula pela videoconferência permite que um grupo humano desterritorializado, não-presente, compartilhe um tempo comum, sincrônico, mas quase independente de um lugar geográfico: “a sincronização substitui a unidade de lugar, a interconexão, a unidade de tempo. Mas, novamente, nem por isso o virtual é imaginário. Ele produz efeitos”, comodiria Lévy (1996, p. 21). Um dos efeitos pode ser o de que, embora não se saiba “onde”, a conversação tem lugar. A videoconferência virtualiza a sala de aula porque problematiza o papel do professor. Ao incluir a obrigatoriedade do conhecimento tecnológico como condição de existência da aula, amplia as exigências de atuação do professor, que precisa dominar todos os recursos e operar câmeras e microfones para que ocorra a comunicação com os alunos e, por conseqüência, a aprendizagem (CRUZ, 2010, p. 59).
Essa comunicação direta, ao vivo, é vista como grande diferencial neste modelo pelos coordenadores deste modelo de tele-aula. Os alunos gostam de sentir o contato com o professor ao vivo, enviar-lhe perguntas, sentir-se incluídos, mesmo que esporadicamente. Os alunos gostam desse contato com o professor, de saber-se citados, ver-se representados. Há uma certa mitificação do professor, os alunos os vêem como atores de TV. Tenho observado que professores, inicialmente resistentes a esse modelo, com a prática mudam de opinião, sentem-se confortáveis, porque a tele-aula reforça e amplia o seu papel de transmissor da informação e cria essa aura de visibilidade conferida por aparecer na TV (MORAN, 2009, p. 288).
(...) Nela, o professor se depara com uma variedade de tarefas a cumprir num ambiente essencialmente artificial, cibernético, onde o contato humano se dá apenas através dos instrumentos (CRUZ, 2001, p. 65).
(...) a) baixa qualidade de som e imagem; b)dificuldade de adaptar a sala da videoconferência para a situação didática; c) custos relativamente altos de implementação, instalação e manutenção do equipamento no período inicial; d) custos relativamente altos de transmissão; e) desconhecimento do potencial didático do equipamento, reduzindo seu uso apenas à reprodução de palestras, com pouca interação entre os participantes (CRUZ, 2001, p. 78)
Para se tornar um professor comunicador, precisa desenvolver competências de uma nova linguagem midiática para adequar-se às características do meio televisão e ao mesmo tempo, tornar-se um produtor/usuário/mediador. Se na escola tradicional ele pode escolher “enriquecer” sua aula com a incorporação da nova lógica que a mídiatraz, na educação a distância por videoconferência ele está “imerso” no meio televisivo.Professores e alunos se encontram numa relação mediatizada, virtualizada, no sentidoem que não mais repartem o mesmo espaço físico e sim um outro local“fantasmagórico”, no dizer de Giddens (1991, p. 141). Este lugar é virtual, pois permitea interação ao mesmo tempo presencial (onde de fato estão os participantes, em suassalas audiovisuais, tácteis e olfativas) e midiática (onde a comunicação é audiovisual, nociberespaço, ou seja, acontece na interface) (CRUZ, 2001, p. 66)
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