Crianças diagnosticadas com TEA na escola pública: novos desafios, velhas dicotomias

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DOI:

https://doi.org/10.24933/horizontes.v39i1.1107

Resumo

Com base em pesquisas etnográficas em escolas públicas, repartições educacionais e equipamentos de saúde, este artigo aborda crianças diagnosticadas com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) em escolas públicas da cidade de São Paulo e Grande São Paulo. Questiona o modo como os direitos educacionais são reivindicados. Mostra com exemplos que garantir a presença da criança com TEA tem resultado numa busca por educação escolar que, contraditoriamente, prescinde dela. Reaparece a dicotomia entre educar e cuidar que outrora marcou o universo da educação infantil. É possível reconhecer que a identidade real de cada criança é substituída por uma identidade virtual, a dos laudos que têm sido buscados com intensidade. Categorias de Pierre Bourdieu, Richard Sennett e Erving Goffman foram usadas.

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Biografia do Autor

Marcos Cezar de Freitas, Universidade Federal de São Paulo

Professor Associado do Departamento de Educação da Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade Federal de São Paulo.

Coordenador do EDUCINEP: Educação Inclusiva na Escola Pública e da Plataforma de Saberes Inclusivos.

Raelen Brandino Gonçalves, Secretaria Municipal de Educação da Cidade de São Paulo

Mestre em Educação pela Universidade Federal de São Paulo, doutoranda na mesma Instituição.

Pesquisadora do projeto EDUCINEP: Educação Inclusiva na Escola Pública.

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Publicado

24-04-2021

Como Citar

Freitas, M. C. de, & Gonçalves, R. B. (2021). Crianças diagnosticadas com TEA na escola pública: novos desafios, velhas dicotomias. Horizontes, 39(1), e021018. https://doi.org/10.24933/horizontes.v39i1.1107